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Epistemologia & metodologia nas pesquisas em educação

Organizadores: Lisiane Costa Claro, Vilmar Alves Pereira
Autores: Arion de Castro Kurtz dos Santos, José Roberto de Lima Dias, Jovino Pizzi, Julio Cesar Touguinha de Almeida, Lila Fátima Karpinski, Lisiane Costa Claro, Luciana Luzzardi, Luciana Netto Dolci, Luciane Oliveira Lemos, Paula Corrêa Henning, Paulo Valério Saraçol, Ricardo Gauterio Cruz, Rossana Daniela Cordeiro Leiria, Vilmar Alves Pereira
Pág.: 174
Edição: 1ª
Formato: 14x21cm
Idioma: Português
Lançamento: 2012
ISBN: 9788582000120


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Texto de contracapa

Esta obra apresenta uma discussão emergente de experiências formativas no contexto de duas disciplinas dos programas de pós-graduação em Educação, da Universidade Federal do Rio Grande: Metodologia da Pesquisa em Educação e Teorias da Educação.

Quais as possíveis aproximações existentes entre as dimensões metodológicas e epistemológicas no contexto das pesquisas em educação? Para responder a essa problemática central neste livro, partiu-se de estudos epistemológicos das perspectivas positivista, marxista, fenomenológica, hermenêutica, pós-estruturalista e da complexidade sistêmica.

Aqui, defende-se a tese de que é impossível utilizar aspectos metodológicos sem investigar a epistemologia que orienta uma abordagem de pesquisa.

Estas ideias são resultado de um esforço coletivo de estudantes de pós-graduação e professores que se permitiram estabelecer esse tipo de diálogo.

Texto de orelha

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Os aspectos políticos vinculados à crise social e econômica, vivida durante os anos de 1980-1985, provocaram desdobramentos nas pesquisas educacionais, em virtude de uma mudança de comportamento. Então, foi verificado que seria necessário obter maior quali-ficação profissional, pois o diploma de ensino superior não era sufi-ciente para assegurar o emprego (p. 17).

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A romantização da ciência é um dos pontos críticos que leva os positivistas ao cientificismo, em alguns pontos abrindo espaço para críticas ao olhar romântico do positivismo como única forma de evolução social da humanidade (p. 45).

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Conhecer a realidade – fazer pesquisa, portanto – é, assim, empreender a busca pelas determinações da formação material – objeto, fenômeno ou processo. Conhecer algo, dessa forma, é conhecer suas determinações, não visíveis de imediato, na manifestação aparente, mas que se dão pelas mediações que operam em seu interior (p.64).

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A fenomenologia é o estudo da experiência humana e dos modos como as coisas se apresentam elas mesmas para nós em e por meio dessa experiência. [...] É, além disso, não só uma revivificação de antiquário, mas algo que confronta as questões levantadas pelo pensamento moderno. Vai além dos antigos e modernos, e se esforça por reativar a vida filosófica em nossas circunstâncias presentes (p.84).

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Schleiermarcher enfatiza o círculo hermenêutico como sendo um enigma no núcleo da interpretação. [...] consiste em entender o todo de um texto considerando a compreensão das partes individuais, bem como a compreensão das partes indivi-duais para o entendimento do todo (p. 97).

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Na trajetória de uma pesquisa, aceitar o perigo foucaultiano de não resolver os problemas e encontrar alternativas que interpretem os discursos do corpus investigado, compreendendo quais deveriam circular nas ciências humanas hoje, é um desafio (p. 138).

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Os métodos simplificadores do conhecimento, que estão sob a égide dos princípios da disjunção, redução e abstração, demonstram que cegam mais do que evidenciam aquelas realidades ou fenômenos que tentam elucidar (p.164).

Prefácio

Profª Drª Maria do Carmo Galiazzi
Profª Drª Elisabeth Brandão Schmidt

Prefaciar uma obra é sempre um elogio nada distante do desafio nele contido. Assim é que aceitamos o convite, sabendo ser este um ato perigoso.

Antes é preciso dizer que fomos colegas argonautas na disciplina no Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental. Em nossas aulas de Metodologia da Pesquisa em Educação, ao longo dos anos, denominávamos a turma de pós-graduandos de argonautas, em uma relação simbólica com a mitologia grega. Nossa intenção, ao atribuir este nome mitológico aos participantes dessa experiência pedagógica de aprender a fazer pesquisa, foi a de estarmos todos imbuídos do espírito aventureiro dos helenos por mares desconhecidos, aprendendo a navegar. Ou seja, desejávamos aprender juntos a sermos pesquisadores.

Como o objetivo da disciplina era a constituição pela pesquisa de educadores ambientais, a relação que estabelecemos foi a de que, assim como os intrépidos argonautas, nossa turma estaria lançando-se à pesquisa, enfrentando dificuldades, mas com o prazer da busca e da construção de saberes. Embora reconhecendo o caráter bélico presente na metáfora assumida, o que ressaltamos, na história, é seu caráter de coletivo de pessoas com um objetivo: aprender a ser educador ambiental pesquisador.

Nesse movimento, chegou de mansinho, vindo de outros pagos, o professor Vilmar e iniciamos trabalhos juntos. Uníamos as turmas em atividades diferentes, voltávamos a nos separar, fazíamos seminários de pesquisa qualitativa, com a intenção de os pós-graduandos perceberem o mundo do pesquisador imerso em ambiente coletivo de trabalho. Este livro é, pois, resultado da atividade desenvolvida nesta disciplina pelo professor Vilmar que com os pós-graduandos se desafiaram a aprender pela escrita plausíveis aproximações entre abordagens epistemológicas e metodológicas.

Este é um livro pensado, gestado (pelo Vilmar e também pela jovem e competente Lisiane Costa Claro) e produzido por pesquisadores em movimento de produção de suas pesquisas, onde o caminho se produz no contexto da pesquisa e do pesquisador. E a principal temática que orienta essa discussão consiste em refletir sobre a inefável possibilidade de se pensar método em separado de episteme. Resultantes de uma cultura fortemente marcada pelo pragmatismo vigente em diversos campos da ciência, dadas as demandas e o aligeiramento imposto em alguns processos de pesquisa, por vezes não poucas se separam estas perspectivas inextricáveis da produção do conhecimento.

Com certeza, a produção deste livro teve por propósito mais intenso escapar da instrumentalização do sujeito enquanto objeto da pesquisa, que proporciona o distanciamento do outro enquanto sujeito humano. Dessa forma, os autores mostram diferentes abordagens epistemológicas de forma ampla, produzindo uma paisagem de intenções, escolhas, determinações, histórias e caminhos.

Este estudo, em forma de texto produzido no espaço-tempo acadêmico, é válido ao buscarmos compreender a dinâmica de novas formas de fazer pesquisa no âmbito da educação. Em muitos dos textos apresentados, se não em todos, do que se afastam os autores é de dicotomias que colocavam mundo e sujeito em lugares diferentes e isolados, porque o sujeito habita, constrói e se constitui a partir do pano de fundo que é a vida.

Os autores, ao abordarem diferentes epistemologias, vão compondo cenas em que a razão, o pensamento e o conhecimento são condições da história e da linguagem e o intérprete de um fenômeno está no fenômeno estudado e não distante dele.

Nesse sentido é que valem as perguntas nietzscheanas para cada um que esteja à procura de indícios de se estes autores valem à pena: "Nossas primeiras perguntas, quanto ao valor de um livro, uma pessoa, uma composição musical, são: 'É capaz de andar? Mais ainda, é capaz de dançar?...'". Não podemos responder por outros autores que não estes e deles dizemos que são capazes de dançar, são capazes de bailar e sacudir uma investigação, de incomodar cotidianamente com pequenas questões. Vale à pena a leitura para buscar mergulhos profundos nos interlocutores apresentados, mesmo dadas às dificuldades prováveis no percurso do aprofundamento teórico em um e outro e vários autores.

E por que dizemos isso?

Porque atualmente padecemos da fragmentação do saber científico. É necessário que o velho paradigma da simplificação, que guiou a ciência moderna nos últimos quatrocentos anos, comece a ser estudado por outros modos de fazer pesquisa que aqui neste livro se apresentam, do positivismo ao pensamento complexo, passando pela fenomenologia, hermenêutica, dialética e pós-estruturalismo foucaultiano. Em cada texto, energia e entropia estão envolvidos. A energia, como sabemos, não pode ser criada ou destruída, as epistemologias de pesquisa transformam sim esta energia e o modo como vemos e percebemos e vivemos e fazemos pesquisa no mundo. Mas a entropia.... Ah!!! A entropia! À medida que se foram inventando outras epistemes ao longo da história, temos aumentado a entropia e desordenado o mundo da pesquisa que antes se apresentava ordenado, objetivo, claro e verdadeiro.

Então, para concluir, é importante dizer vale à pena a leitura deste livro, pois se apresenta como intenção concreta de pensar o pensamento e compor outras obras de arte no processo de investigação.

Rio Grande, setembro de 2012,

Sumário

Prefácio / 5
Capítulo I - Caminhos epistemológicos e metodológicos
Vilmar Alves Pereira, José Roberto de Lima Dias, Luciane Oliveira Lemos / 11

Capítulo II - Legado positivista e suas implicações epistemológicas
Rossana Daniela Cordeiro Leiria, Jovino Pizzi / 31

Capítulo III - Contribuições do método marxista
Ricardo Gauterio Cruz / 51

Capítulo IV - No horizonte da fenomenologia: entre conceitos e possibilidades
Lisiane Costa Claro, Vilmar Alves Pereira / 73

Capítulo V - Hermenêutica e educação: um encontro com a pesquisa social
Paulo Valério Saraçol, Luciana Netto Dolci, Vilmar Alves Pereira / 91

Capítulo VI - Desdobramentos analíticos em Michel Foucault
Lila Fátima Karpinski, Luciana Luzzardi, Paula Corrêa Henning / 129

Capítulo VII - Complexidade e interdisciplinaridade no ensino superior
Julio Cesar Touguinha de Almeida, Arion de Castro Kurtz dos Santos / 145

 
 

 

   
   
      


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