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Cidadania e transformações sociais, temas em sociologia

Organizadores: João Carlos Tedesco; Jeferson dos Santos Mendes
Autores: Gilberto Luiz Tomazelli, Leonardo Dlugokenski, Jeferson dos Santos Mendes, Vanessa Rosso, José Alexandre Zachia, Volmar Ferreira Godinho, Cleber José Bosetti, Elisa de Souza Lima, Elizandra Iop, Patrícia Lazzari Furtado, Silvane Fontanella, Mislaine De Santi
Pág.: 208
Edição: 1ª
Formato: 14x21 cm
Idioma: Português
Lançamento: 2010
ISBN: 9788589769778

 

r$ 33,90

 
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Texto de contracapa

Vilmar Alves Pereira
Professor e pesquisador do Instituto de Educação e dos Programas de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande.

 

Esta obra é indicada para estudos no campo das ciências sociais e humanas, além de ser uma nova perspectiva para pesquisas em educação. Evidencia uma inversão da lógica de pensar questões meramente metafísicas e aponta para a dimensão profícua da investigação sociológica que, hermeneuticamente, revela os movimentos e as vivências que desde já se encontram em diferentes contextos da vida. Adota, ainda, um olhar crítico-denunciador à perspectiva de alguns teóricos da sociologia e aos problemas e movimentos sociais da região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, que também são reflexos de diferentes locais do Brasil e do mundo. Desse modo, é louvável a iniciativa dos organizadores João Carlos Tedesco e Jeferson dos Santos Mendes em acolher tal pluralidade temática.

Paulo Freire considera que apenas pode comprometer-se com um contexto aquele que, estando nele, logra distanciar-se a fim de pensá-lo e estudá-lo. Nesta obra, fica evidente esse distanciamento, bem como o comprometimento. Pode-se classificá-la de notável relevância social, pois no seu bojo há fortes indicativos de um ensino de sociologia comprometido com as possibilidades de transformação social. E nesse horizonte fica explícita a perspectiva da inclusão social, referida na maioria dos textos aqui apresentados. Não se trata de uma obra que parte de uma instituição tradicional de ensino-padrão. Ao contrário, o ponto de partida são discussões que emanam de espaços periféricos, invertendo a lógica centro-periferia.

Esta leitura se faz muito proveitosa pelo caráter dinâmico e inovador. Não é uma indicação endereçada apenas a sociólogos, mas a estudantes de diversos campos do saber, como, por exemplo, pedagogia, filosofia, história, antropologia, ciências jurídicas, diferentes movimentos sociais que atuam em contextos da educação não-formal, políticas públicas e educação entre outras.

Apresentação

Prof. João Carlos Tedesco
coordenador da Pós-Graduação em Sociologia

Os artigos reunidos nessa coletânea sintetizam alguns dos trabalhos monográficos de conclusão do curso de Especialização em Sociologia na Universidade de Passo Fundo, com ênfase para a qualificação da docência em sociologia no ensino médio – edição de 2008/9.

As pesquisas expressam temas em campos variados, em geral, fruto da formação acadêmica básica dos autores. Porém, todos, de uma forma ou de outra, possuem interfaces com as ciências sociais, em especial, a sociologia.

O horizonte do reconhecimento e da cidadania social, expresso pela educação, pelo mundo do trabalho, pela dinâmica cultural, pelo horizonte migratório no meio rural, pela arte cênica, pelas lutas sociais, em especial a da moradia e a da educação, pela preparação de jovens ao mundo do trabalho, dentre outros, é o que prepondera nos conteúdos dos autores. Poderíamos dizer que esse é o tema transversal, o eixo central, a grande preocupação de fundo de todos; esse é o elemento unificador da diversidade temática.

As ciências sociais e, em especial a sociologia, vêm, nos últimos anos, refletindo em torno dos temas da cidadania e da inclusão social. Sem dúvida, são horizontes que manifestam complexidades, pois envolvem instituições, relações sociais, jogos de poder, visões de mundo, movimentos sociais e societais como um todo e que acabam produzindo realidades pouco edificantes no meio social, lutas e conflitos nas relações e interações entre indivíduos e grupos.

O tecido social sempre se caracterizou pela sua complexidade analítica e relacional, porém, na contemporaneidade, transformações se constituem com maior intensidade e rapidez, fruto de inúmeros processos que o próprio conhecimento produziu, revelando, com isso, o imperativo de um olhar mais agudo, mais sensível, mais vigilante, mais prospectivo dos analistas sociais.

Elementos centrais e paradigmáticos das ciências sociais, como o estado nacional, o trabalho, as identidades, a tecnologia, a cultura, as instituições, as classes sociais etc. que alteraram-se intensamente nas últimas décadas. Existem outros ainda, porém,  estão sendo redefinidos. Esse processo vem produzindo profundas alterações no quadro social, no conjunto das relações sociais e culturais, no próprio interior das instituições que, até então, pareciam cristalizadas e consolidadas, como é o caso da família, da educação e do estado. Isso tudo revela um real dinâmico, altamente prospectivo, incerto, em última instância, problemático.

Não obstante o reduzido olhar ao passado que as transformações atuais produzem, os nossos clássicos do pensamento social continuam sendo nossos companheiros de viagem. Vários deles marcam presença nessa coletânea, tentando, justamente, servir de ferramenta analítica para a compreensão de fenômenos em transformações na sociedade atual, marcando seu olhar crítico, transtemporal e centralizado no conjunto de elementos que produzem as realidades sociais.

O tema da cidadania social, da exclusão, da inclusão marginal e do reconhecimento social, configura uma dimensão crítica da realidade, uma sociedade em tensão, um real que se produz nas conflitualidades. Por isso que os movimentos, lutas e ações sociais na realidade atual se mostram também dinâmicos, polissêmicos e caleidoscópicos, porém sempre expressivos e produtores de relações sociais não reificadas  nem naturalizadas, reveladoras sim de uma conjuntura política e econômica que, intencionalmente, não democratiza nem insere todos em seu cenário.

Nesse sentido, a presente coletânea de estudos monográficos quer dar uma singela contribuição no intercâmbio de algumas ideias, em geral, a partir de análises empíricas e de situações concretas de vida de grupos, entidades, instituições e de movimentos sociais, priorizando o foco nos atores sociais em luta por efetivar situações de inclusão e de cidadania social.

Agradecemos a todos os autores pelo esforço na produção do conhecimento, muitos deles, como uma primeira experiência de observação, análise e narrativa temática. Sintam-se também especialmente agradecidas as professoras Elenice Pastore e Luiza Dalla Rosa pelo auxílio na montagem e na coordenação do curso. Não podemos esquecer do papel importante exercido por outros orientadores das monografias, bem como de todos os professores do curso que, direta ou indiretamente, forneceram instrumentais analíticos, metodológicos e motivacionais para a efetivação dos estudos aqui presentes. Nosso profundo reconhecimento e gratidão.

Texto de orelha: Folheando o livro...

O homem natural está corrompido pelos valores artificiais por ele cultivados, e para sair desse estágio é necessário... (pág. 17)

...a identidade é a fonte de significado e experiência de um povo... (pág. 25)

Uma das características que diferencia o catolicismo popular do oficial é a crença em “santos de casa” (pág. 32)

O caboclo define-se como o indivíduo não-descendente direto de europeus e não-índio, de estirpe diversa, pequeno agricultor de subsistência e seguidor do catolicismo não oficial (pág. 25)

...defloramento ocorria quando o denunciado praticava forçosamente ou não o ato sexual com a sua “futura” esposa  (pág. 42)

Além de problemas molestóides e acidentes físicos alguns apontavam o onanismo (masturbação) como outra forma de ocasionar lesões nas partes sexuais  (pág. 43)

No jornal “A Pátria...” de dezembro de 1921 estão descritos os dez mandamentos da mulher casada... (pág. 47)

A mulher representava o mito da Bela Adormecida em que o homem com sua masculinidade a acordaria da sonolência da vida individual e social (pág. 47)

O homem e a mulher se complementam, mulher tem sua superioridade baseada na afetividade enquanto o homem no caráter... (pág. 48)

Desde o descobrimento do Brasil e a colonização por parte dos portugueses, os homens brancos não tiveram a capacidade de entender as diversidades culturais (pág. 59)

...os direitos sociais foram concedidos como favor à população durante o período de formação da sociedade brasileira... (pág. 61)

Muitos movimentos observados em Passo Fundo, oriundos dos anos 1980, constituíram-se enquanto movimentos de luta por moradia... (pág. 63)

...o trabalho é encarado como uma obrigação, como um dever moral, como uma necessidade funcional, mas ainda sem uma racionalidade profissional-identitária... (pág. 85)

“...eu pretendo continuar vivendo no meio rural porque a solução para quem mora no campo não é a cidade.” (pág. 90)

Para a teoria clássica, o Estado existe para conciliar as classes. (pág. 98)

...naquela época os armamentos eram relativamente acessíveis à população, não havendo uma desigualdade muito grande entre o poder bélico dos trabalhadores e do Estado... (pág. 99)

O capital constrói novas formas de conformação do trabalhador... (pág. 146)

A pesquisa sociológica chama a atenção de muitas pessoas, porque ela investiga não apenas a sociedade em seus diversos contextos, mas também a continuidade da vida dessas sociedades. (pág. 168)

O fato de não haver emprego numa determinada região não quer dizer que não exista trabalho. (pág. 182)

...na sociedade capitalista, onde o dinheiro impera em todos os fatores, o aprendizado da profissão torna-se cada vez mais complicado, pois em todos os ângulos é necessário possuí-lo... (pág. 190)

O “Homem” se vê desorientado no ritmo da insistência do consumo, da liberdade desenfreada, da violência naturalizada. (pág. 197)

Se “ser” e “corpo” caminham juntos, o teatro e a sensibilidade, por sua vez, também não se desligam.  (pág. 199)

Urge permitir a nossos alunos a desnaturalização de tudo aquilo que lhes é imposto como verdade absoluta. (pág. 208)

Sumário

Apresentação  /  5
A concepção histórica das desigualdades naturais e sociais em Rousseau

Gilberto Luiz Tomazelli   /  9

A construção cultural do caboclo: cultura, identidade e cosmovisão

Leonardo Dlugokenski   /  23

Defloramento, estupro e incesto:  análise sociológica sobre processos-crime da 2º Vara Civil – Comarca de Soledade - RS

Jeferson dos Santos Mendes   /  37

Cidadania indígena: direito ou favor?

Vanessa Rosso  /  49

Luta por moradia e reconhecimento comunitário em Passo Fundo: o caso do bairro

José Alexandre Zachia, Volmar Ferreira Godinho   /  61

Os jovens rurais entre o campo e a cidade

Cleber José Bosetti   /  77

Projeto social ou formação técnica? O ser ou não ser da Escola Bolshoi

Elisa de Souza Lima   /  93

Precarização do trabalho docente: análise a partir dos pressupostos do fordismo e da acumulação flexível

Elizandra Iop   /  139

Educação e trabalho: a formação dos adolescentes nas escolas de ensino médio para o mundo do trabalho

Patrícia Lazzari Furtado   /  159

Trabalho, resistência e educação: um estudo da profissão de um alfaiate

Silvane Fontanella   /  175

As tragédias na formação do homem grego. O teatro como formação do homem atual: das possibilidades de um ensino de sociologia voltado à dramaturgia

Mislaine De Santi   /  191

 
 

 

   
   
      


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