Contracapa
Charles Pimentel da Silva
Este Iivro traz análises de docentes de Educação Física e de Pedagogia e também relatos de seus alunos (professores-aprendizes) sobre as experiências no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) entre 2018 e 2020. Os acadêmicos, durante a sua jornada de aprendizados pelo Centro Universitário UNIDEAU / Getúlio Vargas, levaram várias teorias à prática em escolas de educação básica do norte do Rio Grande do Sul.
Em sintonia com as teorias do educador Paulo Freire, os professores-aprendizes, evitando o ensino repetitivo platoniano, fizeram de seus projetos pedagógicos instrumentos responsivos, em termos de despertar o discernimento crítico-reflexivo em seus alunos durante atividades lúdicas especiais e, inclusive, em si mesmos (como professores-aprendizes que são). Aprender enquanto se ensina, eis a fórmula!
Contudo, houve muitos desafios pelo caminho, e as superações fizeram parte da rotina. Houve situações que demandaram a construção de vínculos de amizade e afetividade com os alunos, outras em que a inquietude das turmas foi compensada com técnicas de contação de histórias ou mesmo com atividades físicas. Os professores-aprendizes não procuram centralizar o processo de ensino neles nem nos seus alunos, mas sim construir um ambiente, de certa forma, democrático, em que ambos dialogam para aprenderem juntos.
Abas
CPS
O PIBID é um programa de fomento à iniciação à docência e de melhoria da qualidade da educação básica pública brasileira. Segundo, os coordenadores deste livro, docentes do Centro Universitário UNIDEAU / Getúlio Vargas, os planos de aula modernos requerem, além de criatividade e estímulo à reflexão por parte de acadêmicos (professores-aprendizes) e de seus alunos (crianças da educação básica), também práticas éticas e de promoção da sociabilidade.
É no decorrer das atividades pedagógicas que os licenciandos, defronte à realidade do ensino público, percebem as suas necessidades formativas e, para resolver dificuldades, inventam soluções. Assim, criam consciência e prática docente. Aliás, é aí que muitos licenciandos descobrem ter escolhido a profissão certa.
Entre as práticas dos professores-aprendizes por eles relatadas neste livro, esteve a contação de histórias, executada a partir de várias estratégias, tudo para instigar a imaginação e a criatividade. A leitura do livrinho "A menina bonita do laço de fita" para alunos da educação básica, por exemplo, permitiu criar um painel com os personagens Coelho, Xícara de Café, Árvore de Jabuticaba e, principalmente, já que a personagem principal era afrodescendente, ensinar-lhes sobre as diferenças entre as pessoas, as suas formas de ser e o respeito que todos merecem, independentemente de cor de pele.
A educação infantil também visa o desenvolvimento das aptidões físicas, nas esferas cognitiva e motora e, indo além, afetiva dos alunos. O professor-aprendiz é quem provoca os estímulos que levam a esses desenvolvimentos, e isso deve ocorrer de forma prazerosa, através da brincadeira e do jogo. Brincando as crianças desenvolvem a linguagem, o pensamento e a socialização.
A ideia é fazer com que as crianças sejam indivíduos ativos e críticos no futuro; que saibam resolver as suas problemáticas e tantos outros conflitos que encontrarão na vida, afinal, tal como se lê no Capítulo I deste livro, ''as inteligências combinadas constroem competências, e as competências que uma pessoa possui fazem com que ela consiga resolver problemas'' em diversos âmbitos: pessoais, de trabalho, de convívio, entre outros. Os viéses pretendidos são, por certo, o humano e o ético, porque assim a pessoa é contemplada como um todo, desde os seus aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores.
A leitura deste livro é recompensadora. Aproveite!
Prefácio
Angelice Melânia Barancelli Slaviero
Professora de educação básica e do ensino superior
na UNIDEAU -
Getúlio Vargas, inverno de 2021
Existe a consciência de que é preciso obter conhecimento teórico e fazer pesquisa para ser professor. Até aí tudo bem. Entretanto, se estes dois esforços não dialogarem com o fazer cotidiano da escola, ambos se esvaziam. Essa reflexão é o que nos leva a pensar o valor de programas como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Em especial, neste livro, apresentam-se exemplos de práticas propiciadas por esse programa, de acordo com os projetos do Centro Universitário UNIDEAU entre 2018 e 2020. Nas páginas seguintes poder-se-á acompanhar os passos dados por esses estudantes em práticas pedagógicas alicerçadas na teoria estudada em seus respectivos cursos de graduação.
Quando se menciona formação de professores, é justo citar Paulo Freire e a sua obra Pedagogia da autonomia (1998), a qual traduz com sapiência "os saberes e fazeres necessários à prática educativa", tais como a capacidade de discernimento crítico, a ética e a reflexão sobre a própria prática. Esse educador brasileiro nos lembra, entre outras coisas, que não existe docência sem discência, ou seja, sem a prática educativa em sala de aula, não há professores.
Ser professor exige humildade de reconhecer-se em constante processo de aprendizado. Nesse relativo, o Pibid proporciona situações em que orientadores e acadêmicos precisam parar e refletir sobre as suas trajetórias, porque incompletos que somos precisamos nos apoiar mutuamente. Embora por muito tempo se tenha visto o papel do orientador como o de um fiscal/supervisor que do alto de sua sabedoria ensina os seus discípulos, hoje não se lhe vê mais dentro dessa dinâmica. Simplesmente não lhe cabe mais esse papel.
Nos relatos que compõem os capítulos deste livro transparece um olhar sensível dos alunos-professores ora escritores, no sentido do respeito à individualidade de seus alunos durante as práticas pedagógicas. Muitas vezes, as aulas eram conduzidas com comprometimento e criatividade especiais por parte dos alunos-professores. Para conquistar os seus aprendizes e trazê-los para o ambiente educativo não economizaram olhares carinhosos e até um colinho lhes ofereceram. Pode-se dizer que houve nessa interação algo similar à magia e ao encantamento das histórias e brincadeiras próprias da infância. Coincidentemente, fez-se uso da história literária como um caminho metafórico para despertar a sensibilidade e o desejo, tão necessários aos humanos, especialmente quando da busca por conhecimento. Aliás, não há ensino nem aprendizagem sem que antes se tenha despertado o desejo, e isso ficou evidenciado em cada capítulo deste livro.
Faz-se oportuno rememorar aqui Rubem Alves, o educador da alegria. De alguma de suas palavras, compiladas na obra Carpe Diem (2014), aprendemos que educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu, é educar o olhar. O professor, segundo Alves, expande o mundo do aluno mostrando o que ele ainda não viu, e o aluno fica mais rico interiormente e, assim, pode sentir e dar mais alegria.
Por acreditar na alegria de ensinar e aprender é que ressalto o valor dessa obra como oportunidade de reflexão sobre práticas docentes e discentes significativas. Isso vai, certamente, ajudar a todos os que pensam em unir cada vez mais o ensino acadêmico ministrado nas universidades com as práticas necessárias ao fazer pedagógico.
Sumário
Prefácio / 5
Capítulo I – Da relação com a prática docente:
Onde as teorias encontram sentido
Adriel Paulo Scolari, Dânia Barro, Emanuelly Casal Bortoluzzi / 9
Capítulo II – A experiência dos professores
supervisores
Mônica Telli Moreno da Silva, Karina Slaviero,
Damielli de Oliveira / 19
Capítulo III – A prática de iniciação à docência como experiência essencial na formação acadêmica
Claudia de Giacometti, Juliana F. Pedrozo, Isabel J. dos Santos,
Maria Eduarda Talaska / 25
Capítulo IV – A contribuição do Pibid na formação
dos licenciandos
Andressa Bernieri, Camila Bernieri, Danieli Tefili / 35
Capítulo V – O incentivo à leitura através do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência (Pibid)
Taluana Cecconello, Tanizze Miranda Martins,
Vanda V. R. Trainotti / 49
Capítulo VI – Educação Física: Práticas pedagógicas
na educação infantil
Tamilis Bassanezi, Eduarda Bernieri da Silva / 61
Capítulo VII – A importância do docente de educação física na evolução dos alunos dos anos iniciais
Marina Giovana Rotava, Monique Linhares Gonçalves,
Patrícia Pacholski, Wellerson Chagas / 67
Capítulo VIII – As práticas pedagógicas na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Aline Catto, Danieli Gonçalves Pasa, Paola Krasuski Sandri,
Neuma Aparecida dos Santos Araújo / 75
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Da relação com a prática: onde as teorias encontram sentido – experiências do PIBID/UNIDEAU
