Contracapa
Heloisa Schurmann
Embarcamos pela primeira vez em um veleiro quando tínhamos 25 anos. Foi durante uma viagem ao Caribe. Naquele momento despertou-se em nós o sonho que mudaria nossas vidas para sempre. Após 10 anos de preparação, embarcamos em nosso próprio veleiro com nossos filhos Pierre, 15 anos, David, 10, e Wilhelm, 7.
Assim começou a famosa história da primeira família brasileira a dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro: nós, os Schurmann!
De lá para cá, nunca mais paramos. O mar passou a ser a nossa moradia, e as experiências de cada viagem tornaram-se lembranças eternas e histórias incríveis para serem compartilhadas. Trazemos conosco exemplos de um mundão de pessoas que puderam se inspirar e despertar para realizar os próprios sonhos.
Ao ler o primeiro livro de viagens do Manolo Frediani Lima, “Caminhando pelo Mundo”, também embarcamos em histórias emocionantes, que remetem a experiências já vividas e que também nos lembram que ainda temos muitas aventuras para viver.
Da primeira viagem, em grupo, aos 18 anos, à mais recente, que culmina com a pandemia do coronavírus e um lockdown em Catmandu, onde foi resgatado, Manolo deixa à mostra em seus relatos o espírito de um aventureiro que, pelo visto, ainda vai trilhar muitos caminhos desconhecidos e protagonizar muitas outras histórias incríveis.
Além de parabenizar e desejar sucesso à sua primeira obra, incentivamos que ele (e também você, leitor) continue realizando sonhos. E, por onde forem, que vocês também sejam a voz dos oceanos, da natureza, da vida e do planeta. Ah! Por terra ou mar, a gente ainda vai se encontrar numa dessas trilhas ou mares do mundo!
Verão de 2021
Texto de abas
Charles Pimentel da Silva,
editor de livros
Manolo Frediani Lima é empresário no Sul do Brasil. Seus hobbies são bastante interessantes: viajar e subir montanhas!
Neste livro conta as suas aventuras turísticas mais exóticas... A última foi em 2020 quando fez a tão cobiçada trilha Three Passes nos Himalaias (a mais alta cadeia de montanhas do mundo). Só não imaginava que após 140 km de caminhadas por lindos sendeiros nevados a sua trip acabaria se convertendo num desafiador lockdown.
Passou 21 dias de tensão e incertezas em Lukla e Catmandu, no Nepal, entre março e abril, época em que diversos países se fechavam por causa da pandemia do coronavírus.
O Manolo, porém, não estava lá por acidente. Tinha a viagem planejada desde o ano anterior. Então, mesmo do outro lado do planeta, longe da família e dos amigos, tratou de viver as circunstâncias e delas tirar algum proveito. Foi aí que algo fantástico aconteceu: ele começou a escrever...
Este livro nasceu dos improvisados rascunhos de um brasileiro em apuros, e o resultado foi mais que um relato de viagem, compilou histórias em um excelente guia para pessoas de todas as idades que sonham um dia fazer a grande viagem da sua vida.
Turistas que saem de casa com curiosidade, disposição e habilidade de planejamento desfrutam muito mais de suas viagens, sejam elas de aventura, estudos ou recreação. Por ter essas qualidades, Manolo pôde conhecer paisagens e costumes singulares no exterior. Com essas experiências, aperfeiçoou ainda mais a sua ''pedra bruta''. Distanciar-se da zona de conforto, da rotina e do estresse fez-lhe muito bem... Recuperou energias, repensou e mudou, para melhor, o seu estilo de vida.
Nestas páginas, Manolo conta como foi subir uma montanha na Bolívia, andar por entre as ruínas de Machu Picchu, no Peru, e fazer intercâmbios de estudos em Portugal, na Itália e na Inglaterra. Coisas de itinerantes! Em sua busca por adrenalina (e, depois, por aperfeiçoamento profissional e relaxamento), testemunhou contrastes econômicos, culturais e sociais dos mais intrigantes.
Ao cruzar do Ocidente ao Oriente, teve uma ''tempestade de lições'' na Tailândia, em Singapura, na Indonésia e, principalmente, no Nepal.
Em meio a belas fotos, comentários turísticos pontuais e muitas reflexões, Manolo faz-nos lembrar que viajar é também um reencontro com nós mesmos e com um mundo lindo, sempre à nossa espera.
Verão de 2021
Prefácio: Escapando do lockdown no Nepal
Osvandré Lech
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“Eu não nasci para um canto. O mundo inteiro é minha terra natal.”
(Sêneca) |
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“O homem não pode descobrir novos oceanos a menos que tenha coragem de perder de vista a costa.” (Andre Gide)
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Manolo Frediani Lima tem vasta experiência nas áreas de administração, finanças e tendências do ramo imobiliário. Sua formação é interdisciplinar e multicultural. Passa os dias prospectando oportunidades, identificando tendências e riscos numa economia em constante mudança. Essa complexa atividade profissional é também nova em Passo Fundo (sua cidade natal no Rio Grande do Sul) e tem impactado positivamente no desempenho da MML, a incorporadora fundada em 1984 por seus pais, Marco e Magda Lima, que hoje incluiu também o seu irmão Pablo Frediani Lima e uma equipe de mais de 70 profissionais.
Contudo, tal descrição não define por inteiro o autor deste livro. Há outro Manolo aqui, o viajante, o aventureiro, o destemido. Nesta obra, “Caminhando pelo mundo”, o leitor vai conhecê-lo muito bem, com a vantagem de, na carona, conhecer também lugares inusitados, de rica cultura, além de culinária, costumes e paisagens tão atraentes que mexem com o imaginário de qualquer um.
E o que o lockdown tem a ver com isso? É que, seguindo seus instintos, o Manolo foi parar no Nepal, lá do outro lado do mundo, na bela e perigosa região dos Himalaias, pertinho do Monte Everest. Isso aconteceu justamente quando praticamente todos os países implantavam medidas de segurança sanitária rigorosíssimas, não vistas em décadas. Quando a façanha desse nobre aventureiro caiu nos meios de comunicação brasileiros, muitos o criticaram. Mas ele não estava lá à toa! Nem por capricho!
O Manolo poderia ter escrito um livro relatando apenas o quão excitante foi estar no Nepal, no chamado “teto do mundo”, em meio a montanhas das mais altas, eventualmente desafiadas por ele, como aconteceu ao atingir pontos elevadíssimos: Renjo-La Pass (5.360m), Cho La Pass (5.420m) e Kala Patthar (5.643m). Esse brasileiro intrépido enfrentou frios de até -15 °C e caminhou por 140 km, incluindo parte da trilha dos Three Passes. Um enduro feito a pé!
Poderia este aventureiro ter falado apenas dos 21 dias de tensão vividos inicialmente em Lukla, em plenos Himalaias, e depois em Catmandu, capital do Nepal, quando quase todos os países do mundo, para tentar conter o avanço da pandemia causada pelo SARS-CoV2, a partir de março de 2020, começaram a impor lockdowns às suas populações e suspenderam voos internacionais. Conforme isso se agravava, o drama emocional do Manolo aumentava, assim como a preocupação de amigos, namorada e familiares.
Contudo, se apenas isso fosse revelado aqui, faltaria explicar o seguinte: por que o Manolo quis ir se arriscar nas geladas montanhas do Nepal em plena época de pandemia?
Para responder essa pergunta, o livro foi dividido em três partes. No Capítulo 1 – Na trilha da adrenalina, Manolo revela que aos três anos escapou da família na praia de Balneário Camboriú e percorreu sozinho uma longa distância até ser encontrado por sua mãe. Eis o prenúncio de um futuro aventuroso! Em 2008, já rapaz, botou uma mochila nas costas e foi conhecer a Bolívia e o Peru junto de colegas de faculdade. Voltou de lá contagiado por riquezas culturais, gastronômicas e visuais.
O desejo de ser cidadão do mundo nasceu-lhe naturalmente, e aí começa o Capítulo 2 – Na trilha da aldeia global, em que Manolo conta como se organizou para deixar o Brasil em busca de novos sonhos, cada vez mais significativos, agora também em benefício da sua carreira profissional. (A propósito, recomendo firmemente este capítulo para leitores que planejam estudar no exterior). E foi que, sempre encontrando desculpas para estar em movimento, Manolo conheceu Portugal, Itália, Inglaterra, Suíça, Alemanha, países do Leste Europeu e, mais tarde, os Estados Unidos da América.
Tom Stoppard já dizia: “Cada saída é uma entrada em outro lugar.” Nesse sentido, já em 2017, uma das mais significativas trips do Manolo aconteceu quando ele saiu do Ocidente para entrar no Oriente, mais exatamente na Tailândia, em Singapura e na Indonésia. Uau! Que choque cultural! Que fotos! Era o que faltava para o seu multiculturalismo. Foi aí que ele descobriu o quão distintas podem ser as formas de vida neste planeta.
Quando o leitor chegar ao Capítulo 3 – Na trilha dos Himalaias, saberá até onde uma índole desbravadora pode nos levar. É isso que move muitos viageiros! Viajar e conhecer as belezas deste mundo é um impulso tão forte que quem o faz uma vez está propenso fazê-lo novamente. Problemas e imprevistos só fazem mais interessante a caminhada. Aliás, segundo Penelope Riley, o interessante “não é o destino em que você chega, mas os contratempos e lembranças que você cria ao longo do caminho.”
Este belo livro é resultado, também, da assessoria de qualidade do editor Charles Pimentel da Silva. As experiências de viagem do Manolo ganharam textos empolgantes, e as fotos tornaram-se únicas. O resultado? Uma leitura constante, ascendente e útil! Manolo olhou com profundidade para o mundo que o cerca, ampliou a sua capacidade interpretativa e refinou o seu estilo de vida.
Segundo a constatação de Oliver Wendell Holmes, “uma mente que é esticada por uma nova experiência nunca mais volta às suas antigas dimensões”. Se assim for, os leitores que se avancem nas páginas adiante terão boas oportunidades de expansão.
Boa leitura!
Passo Fundo, verão de 2021.
Sumário
Prefácio: Escapando do lockdown no Nepal
(Osvandré Lech) / 9
Capítulo 1 - Na trilha da adrenalina / 13
Do Trem da Morte ao Vale Sagrado dos Incas / 17
Capítulo 2 - Na trilha da aldeia global / 59
A primeira vez na Europa / 62
La vita è piena di sorprese!/ 67
It's América, baby! / 82
Tailândia / 84
Singapura / 102
Indonésia / 103
Capítulo 3 - Na trilha dos Himalaias / 107
Primeiros passos / 122
Three Passes / 124
Renjo La Pass / 141
Gokyo / 144
Cho La Pass / 146
Gorak Shep / 148
Lockdown / 156
Crenças / 168
Brasil / 175
Uma reflexão / 176
Agradecimentos, referências e dicas / 180
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