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Leiloeiro de sonhos: a vida empreendedora de Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos

Págs.: 552
Edição: 1ª
Formato: 16x23 cm
Idioma: Português
Lançamento: 2020
ISBN: 9786599074646

Editor:
Charles Pimentel da Silva

Biografado:
Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos

r$ 89,00

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Contracapa

O editor

Entre as décadas de 1950 e 1970, quando o Brasil se modernizava às pressas, tentando ser grande não só pela natureza, surgiram nos seus horizontes esverdeados e rincões cinza-azulados magníficas oportunidades de negócios. Agricultores, industriais e empresários que souberam se adaptar às novas circunstâncias políticas, econômicas e culturais deram-se muito bem.

Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos acredita ter sido um deles... Atuou como leiloeiro rural e oficial, pecuarista, cerealista, construtor e vendedor. Esse fôlego empreendedor é explicado por ele com três assertivas recheadas de empolgação: ''O homem é feito para o movimento!'', ''Inércia diante da vida é uma covardia!'' e ''Antigamente tudo estava por fazer!''

A realização da 1ª Efrica (Exposição-Feira da Indústria, Comércio e Agricultura) foi o seu projeto mais ambicioso. Aconteceu em 1966 e atraiu muitas atenções à cidade de Passo Fundo, num evento grandioso, só comparável à Festa do Centenário em 1957. Incansável, o Luiz, como leiloeiro, ainda se projetou no Brasil e nos países do Mercosul.

Dessa profusão de atividades, aqui convertidas em textos, resultaram leituras pitorescas, umas sérias, outras bem-humoradas, tristes, picantes... Mas sempre instrutivas!... Leiloeiros, os melhores, costumam ser hábeis nas artes de venda, propaganda e persuasão. Têm bastante a ensinar em termos de desembaraço para se comunicar, perspicácia para empreender e otimismo para fechar negócios.

Ler este livro é embarcar numa viagem ao passado, dentro de uma personalidade singular, que fala não apenas de si, mas também de um país, de um povo e de uma época que, surpreendentemente, explicam muito do que se vive hoje e, quiçá, do que se viverá amanhã... Quem investiga o passado, por certo, cria mais consciência sobre o presente e o futuro, e, como bem lembra o Luiz, ''viver com consciência é viver mais! E melhor!''

 

Texto de abas

CPS

Certa vez, um menino teve um desejo desses ousados: queria ser ''campeão da vida''. Claro que não havia nenhum problema em querer tal coisa, talvez apenas em conseguir... Para ele, ''vencer na vida'' era formar uma família, ter bons amigos e, evidentemente, ser bem-sucedido.

Esse menino se chamava Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos, hoje um leiloeiro de renome que acredita ter conquistado muito do que desejou, embora de um jeito diferente...

Tudo começou em Rio Grande, cidade portuária ao Sul do Brasil, onde forjou sua índole empreendedora e um aguçado senso de oportunidade. Certo dia, de súbito, abandonou sua zona de conforto e correu decidido em busca dos seus sonhos.

As peripécias do Luiz para alcançar a almejada estabilidade econômica fazem da leitura deste livro um passatempo aventuroso e instrutivo. Conforme relata o que viu, fez e sentiu, deixa a descoberto interessantes aspectos políticos, econômicos e sociais de intensas décadas que viveu no Brasil, algumas ''quentes'', tanto na história quando em sua memória...

Em 1942, quando o Luiz tinha 8 anos de idade, policiais já haviam se acostumado a entrar sem cerimônia nas casas de imigrantes alemães e italianos (como a do seu avô Mansueto). Por quê? Buscavam ''ameaças''. Eram tempos de Segunda Guerra Mundial, e o país estava agitado por causa disso, especialmente em cidades litorâneas como Rio Grande.

Entre os anos de 1950 e 70, já em Marau e depois em Passo Fundo, o Luiz se tornou empresário. À época, o Brasil vivia a ascensão do paradigma econômico dito ''desenvolvimentista'', o qual se intensificou durante o regime militar... Com os militares no poder, o Estado impulsionou o crescimento acelerado do país, não só com base na economia primária (como se fez até antes dos anos 30), mas, também, com fortes estímulos à industrialização e ao consumo internos.

Isso gerou suculentas oportunidades de negócios, especialmente no Rio Grande do Sul, dito "celeiro da nação". O Luiz, que não perdia uma, além de obter bons retornos financeiros como leiloeiro rural, também prosperou criando e vendendo gado, comercializando soja, erguendo casas e, já nos anos 80 e 90, como leiloeiro oficial, apregoando bens móveis e imóveis, massas falidas e vários objetos que (mesmo os usados) se convertiam em pequenos ou grandes sonhos aos olhos de muitos.

Tal êxito não teria sido possível sem ambição, criatividade e otimismo, virtudes essenciais dos empreendedores de qualquer época. E, segundo o Luiz, não pode faltar altruísmo nessa fórmula.
Este livro é um bom exemplo disso, pois aqui esse leiloeiro compartilha aprendizados preciosos, sabendo que amanhã eles se multiplicarão, da mesma forma que as boas oportunidades.
Assim, todos ganham!

 

Posfácio: a escrita desta biografia

Charles Pimentel da Silva

Em 2017 o Sr. Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos me desafiou a fazer um livro da história de sua vida. Estávamos num café no centro de Passo Fundo, ele falando, eu escutando e sintetizando com rabiscos numa folha de papel. Conforme o Luiz narrava, dava mostras de uma prosa solta, de um fôlego de atleta e de um humor contagiante. Em minutos, a sua oratória alcançou um surpreendente grau de eloquência e persuasão. Eu estava, de fato, diante de um leiloeiro...

A sua frase mais impactante foi “O homem é feito para o movimento!” Guardei-a, já pensando em convertê-la no leitmotiv da sua biografia. Daí em diante, não paramos mais de trabalhar... Escrever um livro é algo que lembra a construção de um edifício, sendo os fatos, as reminiscências e os argumentos as matérias-primas da obra. E, como se faz em toda grande obra, foi preciso dar-lhe sustentação, funcionalidade e estética.

A coleta de informações foi a primeira etapa dessa construção. Munido de um gravador de voz, entrevistei o Luiz três vezes por semana, por cinco meses, e nunca saí da sua casa ou escritório sem um sorriso no rosto ou o pensamento intrigado por alguma de suas frases de efeito. Ao completar 300 folhas de transcrições, percebi estar diante de não apenas um leiloeiro intrépido, mas de uma pessoa de memórias profundas, de um ser humano positivo e de um empresário bem-articulado no Rio Grande do Sul, no Brasil e na América Latina (ora, o homem fez reuniões com os presidentes do Paraguai, do Uruguai e da Argentina, sem falar das oportunas conexões políticas e comerciais que mantinha no Brasil...).

Aí o meu senso de responsabilidade me advertiu de que a sua biografia deveria transcender... Ora, como escutar a história de alguém que teve empreendimentos nos três setores formais da economia (primário, secundário e terciário) em épocas tão singulares quanto as da segunda metade do século XX e não pensar que a sua biografia poderia se tornar uma excelente oportunidade de introduzir os leitores, ainda que superficialmente, à própria história econômica brasileira?...

Entre as décadas de 1940 e 1990, justamente quando o Luiz se fez comerciante, empreendedor e leiloeiro, o Brasil viveu intensas inflexões de paradigmas culturais, políticos e econômicos. Esse foi justamente o período histórico do paradigma desenvolvimentista, cuja semente germinou na Era Vargas, criou raízes no governo Juscelino e desabrochou viçosamente durante o regime militar... Só perdeu forças ao longo do governo Sarney e, mais ainda, na época de Collor, ante o neoliberalismo.

Suculentas oportunidades de negócios surgiram nessa que foi uma das épocas de intensos câmbios no Brasil e na América Latina contemporâneos. Deram-se bem os que souberam tirar proveito das mudanças. O Luiz aprendeu com as dificuldades que superou, instruiu-se constantemente e, ainda, às vezes, como ele mesmo disse, “adaptou-se como a água” para contornar situações difíceis, sobressair e prosperar, mesmo em momentos de crises.

Aí começaram os meus desafios como editor de livros, biografias, histórias (e, atualmente, estudante de Relações Internacionais). Então, para relatar com eficiência, consistência e originalidade como o garoto de 13 anos, vendedor de rendas de bilro em Rio Grande, acabou se tornando um leiloeiro que fez negócios em vários rincões do país, foi preciso mais que palavras adequadas, foram necessárias novas entrevistas com o Luiz e também pesquisas em livros, documentos oficiais e notícias de época sobre os mais interessantes pormenores históricos, econômicos e culturais de algumas cidades, também do estado gaúcho, do Brasil e do mundo.

O ponto de partida às investigações sobre o passado foram as opiniões do biografado. Depois, cuidando para não se enredar em teias ideológicas pegajosas, consultou-se de tudo: tanto o site da Prefeitura de Joia quanto o da Nasa; tanto o jornal Troca-Troca Uirapuru quanto as páginas de internet do governo dos Estados Unidos; tanto Adam Smith quanto Karl Marx; tanto católicos quanto espíritas; tanto militares de direita quanto radicais de esquerda... Com a mesma naturalidade com que foi citado o rateio “às meias” praticado na colônia falou-se também da ousada “maiêutica socrática” que o Luiz improvisou no leilão da Comil em Erechim.

Não se quis fazer um livro desprovido de explicações baseadas em causas e efeitos constatáveis ou minimamente plausíveis. Por isso, além das entrevistas com o biografado, foram consultadas cerca de quatrocentas referências e compiladas pouco mais de setecentas notas de fim. Esse colosso informativo deu força argumentativa aos eventos aqui narrados. Por exemplo: para dar recheio histórico ao fato de o Luiz ter tido a casa invadida por policiais que faziam o chamado “pente-fino” em Rio Grande na década de 1940, foi muito oportuno citar as circunstâncias do regime ditatorial do Estado Novo, de Vargas, o qual coincidiu com a Segunda Guerra Mundial. Isso tornou ainda mais interessante o testemunho sobre os quebra-quebras e as greves nas ruas daquela cidade portuária (cheia de operários). Esses e outros distúrbios sociais no Brasil foram, pois, influências diretas da efervescência política na Europa e tiveram reflexos justamente onde havia maior concentração de imigrantes ou de seus descendentes.

Com essa mesma dinâmica, as façanhas empreendedoras do biografado nas décadas de 50, 60, 70, 80 e 90 também ganharam contornos históricos, e essa mescla acabou trazendo à luz detalhes importantíssimos dos meandros da política e dos negócios realizados no Rio Grande do Sul e no Brasil em épocas transcendentais para a sociedade brasileira. Muitos já devem ter ouvido falar dos 50 Anos em Cinco, do Juscelino, ou das conturbadas presidências de Quadros e Jango, ou ainda do período de modernização e altos níveis de crescimento econômico registrados no Milagre Brasileiro, durante a ditadura militar... Poucos, talvez, saibam dos efeitos dessas políticas na zona rural, na indústria, na cidade e, enfim, na vida diária das pessoas. Esta biografia conta um pouco de como era a vida nessas épocas e dá detalhes dos anos de sacrifício pelos quais muitos brasileiros passaram na primeira década da redemocratização quando se buscava combater a inflação e outras mazelas sociais.

Daí surgiram histórias interessantes, especialmente porque o protagonista desta biografia, por ser dono de um estilo de relacionamento claro e direto, criou muitos amigos ao longo de sua carreira, mas também, digamos, atritos, com “chispas”... Aliás, quando abordou temas sensíveis (a exemplo das disputas políticas envolvendo a prefeitura, o quartel, a Efrica, a Universidade de Passo Fundo etc.), teve tão só o desejo de contar como se deram os jogos de poder, não existindo intenções de atacar a personalidade de ninguém, muito menos de mostrar essas competições como batalhas entre bonzinhos e malvados.

Por essas e outras, foi um grande desafio contar a história do Luiz a partir dos anos 60, pelo grande volume de relatos e pela intensidade dos eventos nacionais, tudo fusionado... Logo, foi preciso fazer interseções na narrativa. A longa e apaixonante história da realização da 1ª Efrica, por exemplo, apareceu aos pedaços, mesclada a outras, também fragmentadas, ao longo de quatro capítulos. O mesmo ocorreu com os relatos de outros eventos pioneiros do biografado nos âmbitos dos negócios, do matrimônio e dos flertes com a política.

Outra estratégia da escrita desta biografia foi extrair do Luiz histórias familiares, amorosas e até uns babados, futricas e matreirices de seus namoricos de criança, estripulias de adolescente e aventuras da vida adulta. Esses causos permitiram boas adaptações à história e deram mais graça, picardia e leveza à leitura...

No início das entrevistas, o Luiz tinha preocupações de como o seu livro, de alguma forma, poderia ajudar os leitores a criar coragem de empreender e correr atrás de seus sonhos. Houve dúvidas sobre se esta deveria ser uma obra de autoajuda ou focada nos negócios ou uma biografia tradicional. Contudo, em nenhum momento o biografado quis passar por pretencioso. Eu sugeri que apenas me contasse com naturalidade o que viveu, os momentos bons e os ruins, as virtudes e as desvirtudes, os lucros e as perdas etc. Assim eu teria matérias-primas diversas para construir um livro com sentimentos verdadeiros e testemunhos históricos confiáveis, os quais, depois, eu posicionaria no contexto histórico correspondente. 

A ideia era, basicamente, inovar. Então, sempre que eu precisava de alguma “pimentinha” (fato curioso, interessante, picante) para “temperar” a narrativa, o Luiz tinha algo para me contar. Um dos seus relatos mais pitorescos está no texto “A mais louca noite de carnaval”, ao qual incorporei uns dados de época, uma retrospectiva do biografado e uns adjetivos mordazes. Resultou, modéstias à parte, num escrito bonito, esperançoso e provocativo. Ficou ainda melhor depois que o Luiz, entusiasmado, agregou, de última hora, a seguinte frase: “[...] se houver suficiente compadecimento do público leitor feminino, que, tendo idade parecida com a minha, tendo desfrutado de um carnaval em Rio Grande em 1952 e deveras se identifique com esta história, anuncie-se e mate logo a curiosidade deste humilde escritor.”

Também conversamos sobre o uso dos pronomes de tratamento “tu” e “você” nos seus diálogos. Ocorre que antigamente quase ninguém falava “você”, muito menos os descendentes de portugueses. O biografado me explicou que em Rio Grande alguns falavam “você”, por ser aquela uma cidade portuária e de culturas diversas. No interior do estado usava-se o “tu” com mais frequência, e em Passo Fundo o uso era misto.

A escolha da palavra “vicentina” para qualificar a Dona Geny no texto “A causa da vitória de um homem” também foi uma sugestão adrede do Luiz. Vocábulos interessantes saíram da sua memória para as páginas deste livro, como, entre tantos, “queque”, “footing”, “lanternin”, “eslaque”, “vitcharim”, “calaveira”, “Cupido”, “módico”, “Calcigenol”, “piretro”, “brasiliano”, “codeguim”,  “puchero”, “linguiças enfumaçadas”... Já as expressões “romper a inércia da vida”, “sobressair é incomodar” e outras saíram do livro “Forças morais da América Latina”, do escritor argentino José Ingenieros (cuja leitura foi recomendação do Luiz). O biografado também me deu para ler a obra “100 aforismos sobre o amor e a morte”, de Friedrich Nietzsche, de onde fisguei a ideia “esconder de si algo de si” e adaptei no Preâmbulo deste livro.

Os dizeres “alvoroto do sangue” e “luz que lombrigava” vieram das minhas leituras de Machado de Assis. A expressão “cenas de sangue” saiu da obra “O primo Basílio”, de Eça de Queiroz. A combinação de palavras “aura proba” foi reduzida de “aura de probidade”, citada por Maurício Horta na sua matéria “21 mitos sobre a ditadura militar”. E a meiga união de palavras “meninice sem ser menino” saiu dos airosos e tropicais textos de Gilberto Freyre, na obra “Seleta”.

As assertivas de cunho técnico feitas neste livro foram nutridas com leituras científicas, muitas delas de belezas organizativa, informativa e narrativa dignas de elogio, a exemplo das publicações: “Origem e formação do cooperativismo empresarial no Rio Grande do Sul”, de Maria Domingues Benetti; “Décadas de poder: O PTB e a ação política de César Santos na Metrópole da Serra”, de Sandra Mara Benvegnú; “A expansão da soja no Rio Grande do Sul”, de Octavio Augusto C. Conceição; “A política externa brasileira no período 1964-1979”, de Eduardo Lucas de Vasconcelos Cruz; “A desigualdade vista do topo: a concentração de renda entre os ricos no Brasil, 1926-2013”, de Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza; “O sistema financeiro do Rio Grande do Sul”, de Darcy Garcia, entre tantos outros excelentes estudos de pesquisadores (heróis da erudição!) de distintas ciências caprichosamente lembrados na seção “Referências” deste livro.
Também tive contribuições do doutor em História, o professor Mauro Gaglietti, e do ator e produtor de filmes Emiliano Ruschel. Foram muito bons os seus apontamentos estéticos para o interior e o exterior deste livro. Aliás, o complemento “de sonhos” no título desta obra foi ideia do Emiliano.

Já sobre o extenso trabalho dos revisores, este foi igualmente genial... Jenifer Bastian Hahn, escritora, desenhista e revisora, ajudou a transcrever áudios e aplicou leituras lógicas, críticas e uniformizadoras nos textos desta biografia, incluindo a padronização das notas de fim e das referências. Léo Hélio Dellazzari, professor de português e revisor, também deu toques de elegância aos escritos. Foi ele quem sugeriu usar n’algumas palavras o “grau superlativo absoluto sintético erudito”, a exemplo da substituição de “muito louvável” não por “louvabilíssimo”, mas, sim, por “laudabilíssimo”, que lembra a raiz latina laudare. Assim foi também com “paupérrimo”, do latim paupere.

Isabel Carneiro de Almeida, mestre em História, fez correções cirúrgicas nos trechos que falavam do Frigorífico Vacariense, sobre o qual, aliás, ela escreveu um belo livro, e ainda me explicou a importantíssima relação simbiótica entre empresários gaúchos (sedentos por tomar crédito e empreender) e o governo desenvolvimentista brasileiro (incentivando, estabelecendo metas, prazos e leis). Clóvis Tadeu Alves, economista e mestre em História, revisou índices de macroeconomia, sugeriu livros para o meu aprofundamento na matéria e pediu, entre outras coisas, para eu citar o fim do “padrão dólar-ouro”, a fim de “clarear” o cenário financeiro internacional dos anos 70 em diante.

Também foi providencial a revisão de Humberto Sorio, engenheiro-agrônomo e escritor de aguçado senso prático, que corrigiu números de índices de ocupação animal nos campos gaúchos nos anos 60, sobre os quais o Luiz tinha uma ideia aproximada, e explicou sobre a evolução das raças de porcos no Brasil. Sensibilidade e conhecimento de pecuária ele também demonstrou ao adicionar ao texto a palavra “pickles” em referência ao odor da silagem que costuma excitar os bovinos. Por sua vez, o doutor em Ciências Sociais e professor João Carlos Tedesco deu-me um livro de sua autoria, por meio do qual pude compreender a dinâmica do mercado da banha no Brasil, entre outros pormenores das práticas comerciais na colônia.

Considerando as várias edições feitas no texto, foi necessário submeter o livro a mais duas checagens providenciais. Uma realizada pelo mestre em História e professor José Ernani de Almeida, um dos tantos bons conhecedores da trajetória recente do município de Passo Fundo, especialmente dos anos “quentes” da intervenção militar (quando, inclusive, ele trabalhava na Rádio Passo Fundo e mais tarde na Planalto). Explicou-me que os fluxos migratórios no Brasil aconteciam desde o século XVIII, com açorianos e, depois, mais intensamente a partir de 1871 (e via incentivo do governo brasileiro), com alemães, italianos e pessoas de outras nacionalidades. Fez observações pontuais sobre o movimento grevista no início do século XX, a era Vargas e os períodos ditatoriais e de redemocratização que ocorreram em nosso país. 

A segunda checagem foi realizada pela exímia revisora linguística e especialista em Tradução, Bianca Regina Paganini, que apontou detalhes sutis na ortografia de várias palavras e corrigiu a sintaxe delas dentro dos parágrafos. Também contribuiu à uniformização, à lógica e à clareza de enunciados, dando ao livro um grau a mais de madurez.

Editar esta biografia, como se vê, foi uma aventura... Para conferir-lhe aqueles atributos de sustentação, funcionalidade e estética foram necessárias diversas leituras, depurações e adendos. Todos os que de alguma forma ajudaram na construção desta obra/biografia em prosa moderna têm o meu profundo agradecimento (incluindo amigos como o Daniel, a Carmem, o Cristian, o Jesus, a Hannia, o Esteban, a Sofia, o Fábio... Eu lhes pedi que lessem alguns textos e, assim, testei a atratividade de certas partes desta escrita).

O Jorge e a Liege, filhos do Luiz, também fizeram observações durante o processo editorial. Um agradecimento especial deve ir ao próprio biografado, que, inúmeras vezes, dispôs-se a esmiuçar as facetas da sua vida empreendedora, até mesmo os níveis de ambição e solidariedade que praticou ao longo de sua jornada. Isso deu autenticidade à narrativa.

Assim, com o sentimento de ter contribuído para a ciência e a literatura, para as ânsias pragmáticas e nostálgicas, para com os jovens e com os mais velhos, saúdo a todos os leitores que chegaram até aqui. Agora, façamos como o Luiz, coloquemo-nos em movimento...

CPS,
Passo Fundo, inverno de 2020.

Sumário

A primeira vez... / 7
Preâmbulo: o começo do fim / 11
Parte I – Imigrantes: da miséria à fartura / 23
Parte II – Infância: laboratório de empreendedores e
apaixonados / 31
Parte III – Livre iniciativa para romper a inércia da vida / 43
Parte IV – Calças compridas, que soberba! / 55
Parte V – “Freguês pra vida inteira” / 65
Parte VI – A mais louca noite de carnaval / 77
Parte VII – Pessoa muito boa não é desse mundo / 93
Parte VIII – Getúlio Vargas, Brizola e Porto Alegre / 105
Parte IX – Quem não sacode a árvore não vê o fruto cair / 121
Parte X – Flertando / 131
Parte XI – O guri metido / 155
Parte XII – O casamento sem bíblia / 173
Parte XIII – 1º de Abril que não era mentira / 191
Parte XIV – A pior estafa... / 201
Parte XV – Efrica / 221
Parte XVI – A política é boa, mas só até ficar perigosa / 247
Parte XVII – Milagre Brasileiro / 261
Parte XVIII – O levante dos leiloeiros em Brasília / 289
Parte XIX – “Vamos quebrar tudo” / 315
Parte XX – A idade da razão / 335
Parte XXI – Extravagância que o pessoal adorava / 351
Parte XXII – O último suspiro de Vargas / 369
Parte XXIII – A sublime arte de ser leiloeiro / 389
Parte XXIV – Os amantes têm a quem agradecer / 407
Parte XXV – O poeta do fim do mundo / 423
A última confissão / 445
Notas de fim / 447
Referências / 523
Anexos / 543
Posfácio: a escrita desta biografia / 545


 
 

 

   
   
      


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