Texto de abas
Tau Golin é um reconhecido historiador contemporâneo, com dezenas de livros e centenas de ensaios e artigos publicados. Entretanto, começou sua vida intelectual no jornalismo cultural, associado à literatura, ao teatro, à composição musical e ao radialismo.
O Fraseador Poético não deveria, portanto, causar espanto. É, na verdade, a primeira vazão de muitos textos-poemas sobre o ciclo do amor, elaborados desde as arestas do encantamento, do cotidiano, do afastamento, da recordação, também da introspecção, da solidão, dos devaneios e reencantamentos de um escritor, aqui, isto sim: mais dionisíaco que acadêmico.
Prefácio
O Fraseador habita-se para lapidar palavras e forjar narrativas, oficina da alma, martelar de sentimentos, purgação. Em algum canto seleto de seu ser-casa, tem o torno para torcer a vida, a bigorna para golpear palavras, a forja da alma. De uma de suas janelas enquadra a lua cheia, tela prateada, temporais na projeção das amadas, humores e lágrimas desesperadas. Faz dueto com cachorros metafísicos, ou com a guaipecada de plumas sarnentas nos verbos de Drummond. Suas notas de lobo uivam. Garganta rasgada, dor atroz da despedida, sombras das partidas. Ir embora deixa rastros de dor.
Em serenatas melancólicas, o cão de Chico Buarque, continuadamente, arranca pedaços.
No Fraseador-lugar residem sentimentos, palavras vagas, dispersas, articuladas, poéticas.
Das saudades, faltas, vazios e memórias de não esquecer. Quantas ausências presentes! Amores encantados, relacionamentos, buscas solitárias, lembranças, solidões, afetividades e ódios a serem domados.
O Fraseador acantona-se. Refúgios sombrios.
Segue penumbras, foge da luz para purgar.
Corpo se perde de sua alma amorosa, quando tudo é amargo, lúgubre, opaco e vago, momentos imersos no desencanto dos rancores. Tudo é fragmento, se desconhece... Gostaria de fechar o alçapão do subconsciente. Então, O Fraseador reinventa-se humanamente no estilo de sua atmosfera poética. O vento de Fernando Pessoa lá fora traz distantes saudades de sino de aldeia. Brisas e tempestades levam-no para enseadas de veleiros ou mares traiçoeiros. De seus casulos, nascem borboletas de Manoel de Barros com poesia voando fora das asas.
Sumário
O Fraseador
/ 9
Encantamentos
/ 11
Cotidiano
/ 23
Afastamento
/ 38
Recordando
/ 45
Rabiscos introspectivos
/ 59
Sozinho
/ 63
Devaneios
/ 77
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