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Caboclo serrano em "O Puchirão do Gé Picaço": nas Revoluções de 1923, 30 e 32

Autor: Odilon Garcez Ayres
Págs.: 224
Edição: 1ª
Formato: 14x21 cm
Idioma: Português
Lançamento: 2008
ISBN: 9788589769501

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Texto de orelha

Daltro José Wesp,
Membro do Instituto Histórico de Passo Fundo.

Odilon Garcez Ayres, natural de São Sepé, gaúcho, criado e amanonciado nos campos de barba de bode de Coxilha e Passo Fundo, desde as suas primeiras letras no Grupo Escolar de Vila Coxilha demonstrou amor à tradição do Rio Grande, declamando e escrevendo versos, crônicas e artigos em jornais de Passo Fundo. É um homem com raízes de sobrenome que traz consigo a história dos pioneiros que povoaram estas terras.

Em Passo Fundo, ocupou cargos em patronagens de CTGs e na Coordenadoria Regional da 7ª RT; organizou quatro Festivais de Folclore Estudantis e igual número de Rodeios Internacionais; criou o Museu Regional Paixão Cortes e foi diretor da Secretaria de Comércio e Turismo. Também foi assessor da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul; secretário executivo da CDL de Passo Fundo, participando da fundação de diversas CDLs e SPCs no Estado. Foi, ainda, secretário do Esporte Clube Gaúcho, assessor da Junta de Serviço Militar e delegado adjunto do Serviço Militar. Em 2006 escreveu o romance Oché y Sefé Tiarayu, em homenagem ao Sesquibicentenário da morte do primeiro caudilho gaúcho.

Este livro Caboclo Serrano é uma pesquisa regional da participação no último ciclo de revoluções internas do Rio Grande do Sul, 1923, 30 e 32, dos homens peleadores inigualáveis, resultantes da miscigenação do índio primitivo, do negro africano e do branco colonizador, que povoaram o Planalto Serrano, a partir de meados do século XVIII.

A nossa cultura, a nossa história, a Capital Nacional da Literatura e o Rio Grande do Sul ficam engrandecidos a cada trabalho de pesquisa minuciosa e registro histórico de um de seus filhos. Este escritor tem lugar assegurado na galeria de escritores do pago. Seu desprendimento é digno de ser reconhecido.

Agora, milhares de pessoas, de sobrenomes de origem nativa, têm a disposição um documento que registra as efemérides de seus antepassados nos batalhões de provisórios ou de pés-no-chão, nas funções de praças ou postos de oficiais, guascas no campo aberto, nem sempre uniformizados, ao comando de caudilhos regionais, dispostos a consolidar o destino, incerto, da pátria fragilizada.

Parabéns Odilon! Ficamos no aguardo de seus próximos escritos.

 
 

Texto de contracapa

Paulo Monteiro,
Presidente da Academia Passo-Fundense de Letras

Em 1915, sob pseudônimo de Amaro Juvenal, Ramiro Fortes de Barcellos publicou Antônio Chimango – Poemeto campestre (com 213 sextilhas payadorescas). Exatamente dez anos depois, com 260 estrofes, em diferentes números de versos, Lacerda de Almeida Júnior, sob pseudônimo de Júlio Simão, publicou O puchirão do Gé Picaço – Poemeto serrano, com significativas semelhanças e dessemelhanças com o Antônio Chimango, inclusive em ralação à burrice infantil de Borges de Medeiros (no primeiro), que foi a mesma da de Ney de Lima Costa (no segundo). As parteiras profetizaram as safadezas de ambos. Se o presidente do Estado era o “chimango”, o intendente defenestrado de Cacimbinhas, hoje Pinheiro Machado, ainda menor, era o “caburé”.

Lacerda de Almeida Júnior mostrou as diferenças entre o biriva e o fronteiriço, a mistura racial entre luso-brasileiros, índios, negros, italianos e alemães, que se manifestaram em regionalismos diversos entre a Serra e a Fronteira. Satírico terrível, não perdoou a provável homossexualidade do adversário, que lhe teria valido a expulsão da Escola Militar de Porto Alegre.

Aqui entrou o espírito historiador de Odilon Garcez Ayres, que numa caixa de livros abandonados numa calçada de Passo Fundo, em 1973, encontrou o Poemeto serrano e iniciou uma investigação que resultou nesta bela obra. Ao transcrever O puchirão do Gé Picaço e investigar a história dos personagens cantadas pelos trovadores serranos (o caboclo, o italiano e o alemão) Odilon contribui para um entendimento maior da história e da cultura regionais e lança o desafio a muita gente em rever suas concepções sobre a história e a cultura de Passo Fundo.

 

 
 

Apresentação

  Creio que foi numa manhã, dessas ensolaradas de dezembro, do ano de 1973, que um fato curioso aconteceu. Eu morava com minha mãe, na avenida Brasil, antiga Calçada Alta, e, como fazia todos os dias, dirigia-me ao trabalho no Clube de Diretores Lojistas (CDL), do qual eu era secretário executivo, e eis que nesse trajeto, na esquina da rua Cel. Chicuta com a av. Brasil, estava localizada a Livraria Nacional, dos Irmãos Sfoggia, os quais, vim a saber mais tarde, cansados de guardar montoeiras de livros velhos, que só ocupavam lugar e que quase ninguém comprava, resolveram desfazer-se de uma caixa cheia dessas obras.

Caminhando contra o sol na luz da manhã, deparei-me, sem parar e olhando de soslaio, com aquela caixa de papelão, abarrotada de livros e papéis, que de tão pesada, rompera um lado, esparramando alguns livros pela calçada. Olhei para os lados e, certificando-me de que estava abandonada e de que dono não tinha, dei de mão apenas em um que me parecia mais antigo, pois era datado de 1925, intitulado O puchirão do Gé Picaço,  por Julio Simão, Livraria Nacional, Passo Fundo. Segui , então, meu passo, levando com uma alegria disfarçada um livro raro nas mãos.

Li e reli muitas vezes aquelas páginas. Como estava escrito na capa, tratava-se de um poemeto serrano, versos e mais versos, de uma beleza, que sempre que os leio me toca o coração e a imaginação. O que me faz recitar mentalmente: “Verdes campos, cobertos de cerração”, quantos campos se demudem, que dirá meu coração! Com certeza, assim são os nossos campos que se avistam da bela e silenciosa Coxilha e que se avistavam também da cidade de Passo Fundo, olhando-se para noroeste e leste, antes dos espigões tomarem conta até do horizonte.

Sei que tinha em mãos uma obra inédita (pelo menos para mim), que por algum motivo estava inerte, adormecida, mas pouco a pouco fui tentando desvendar-lhe os segredos. Quem seriam aqueles biribas, caboclos, gaúchos, gringos e alemães que figuravam na obra?

Depois de muitos anos passados, a Livraria Nacional não existia mais e, antes tarde do que nunca, procurei seu último dono, César, o qual me disse que nada restou de livros antigos, tudo se perdera naquela caixa, mas que quem costumava comprá-los para presentear os amigos era o dr. Daniel Viuniski, com banca advocatícia criminal ali na rua General Osório, nº 1.044, ao lado da sinagoga judaica. Também ele, causídico de mente privilegiada, herdada de sua raça milenar, confirmou que apenas fazia dos livros regalo para os amigos, não havia mais lembrança de títulos e de autores.

Aquela vontade de conhecer mais sobre o conteúdo do livro permaneceu em mim. Eu queria ler mais livros daquele período, queria conhecer os reais personagens daqueles escritos regionalistas.

Passaram-se mais alguns anos, quando li em Datas rio-grandenses, de Coruja Filho (p. 395), que Cacimbinhas, em 30 de setembro de 1915, por ato municipal nº 30, passou a denominar-se “Pinheiro Machado”, em homenagem ao tribuno gaúcho (sobrinho de Venâncio Aires), iniciativa que foi referendada pelo presidente interino do Estado, gen. Salvador Aires Pinheiro Machado, irmão do senador, de quem o dr. Ney de Lima Costa tinha sido o seu primeiro intendente.

Eu conhecia este tal de dr. Ney de Lima Costa apenas de nome, era verdade. Meu avô materno me disse que tinha sido seu advogado em questões de terras, aqui em Passo Fundo. Um fiozinho da história começava a clarear-me os olhos. Mas em se tratando de história, temos que ter provas e convicção, e eu ainda não as tinha, dispunha apenas de indícios, como veremos mais adiante.

Em 1994, eu, então como diretor de Comércio e Turismo de Passo Fundo, sentia ter chegado a hora de reeditar aquele livro que encontrei na caixa abandonada e do qual tanto gostei e com tanto carinho guardei por todos aqueles anos. Porém, abdiquei do meu sonho, em favor da palavra empenhada ao amigo e companheiro, Paixão Côrtes, conseguindo para ele substancial apoio da RBS, para a feitura merecida e imorredoura de seu livro Danças tradicionais rio-grandenses – Achegas.

Após isso realizado, direcionei minha atenção ao meu projeto de reedição do livro O puchirão do Gé Picaço. Logo procurei conhecer mais sobre o livro, tudo que eu conseguisse, e o caminho natural seria a pesquisa, a qual iniciei pelo jornal O Nacional, de outubro de l925, pois, pela lógica, alguma notícia sobre o lançamento do livro deveria naquele periódico constar. Mas nada encontrei.

Talvez quisesse o destino que eu fosse mais além na história  Não haveria atalhos para mim, eu deveria desvendar todos os caminhos, toda a vida, os êxitos e os fracassos, a glória e as humilhações, as alegrias e as tristezas, a vida e a morte. Eu deveria acompanhar par-e-passo, de 1921 a 1933, o êxito, o sucesso, as conquistas, a participação, a política e a guerra, não só de dois ilustres mortais, mas de uma cidade, de uma cidadela, de uma trincheira da democracia, do pensamento livre, aberto, apaixonado e guerreiro, que levou Passo Fundo a tornar-se um baluarte na defesa de ideais longamente costurados, desde 1893, até chegarmos ao Estado Novo, ao progresso e à humanização das leis.

Passo Fundo tornara-se o fiel da balança. A terra de passagem de tropas e tropeiros e agora de trens e de guerreiros, poderia dar-se o luxo de dizer quem passava e quem não passava. Daqui e do Rio Grande, só partiram para conquistar o Brasil os que acreditaram na pátria grande, no altaneiro Brasil. Um deles, ironicamente, gaúcho de nascimento, aqui se quedou estático acreditando nos estertores da República Velha, o outro, um corpo estranho no meio da gauchada. Um gaúcho da Fronteira, filho de pernambucano, atirou-se de corpo e alma, em 1923, em 1930 e 1932, a falar, a pelear, a discursar, a brigar, a escrever, a formar corpos, colunas e batalhões para lutar pelos ideais libertadores dos rio-grandenses.

Na arena da vida, neste pedaço de chão serrano, encontraram-se dois idealistas, dois lutadores, heróis e guerreiros a serem imortalizados em Passo Fundo, pois a nossa memória ainda não lhes fez justiça.

Apresento-lhes o dr. Ney de Lima Costa (gaúcho de nascimento) e o dr. Lacerda Almeida Junior (pernambucano, mas gaúcho de coração). Vamos seguir suas pegadas, vamos desnudar suas vidas, após aproximadamente oitenta anos.

 
 

Sumário

Apresentação  / 9
1 9 2 5  / 15
1 9 2 6  / 28
1 9 2 7  / 31
1 9 2 8  / 36
1 9 2 9  / 38
1 9 3 0  / 45
1 9 3 1  / 95
1 9 3 2  / 102
Outras curiosidades / 106
1 9 3 3  / 117
Dr. Ney de Lima Costa / 131
Dr. Francisco de Paula Lacerda Almeida Junior / 132
Algumas considerações finais / 134
Enfim, o livro O puchirão... / 137
Sinopse (por Odilon  Garcez  Ayres) / 137
Capa original / 140
Com licença de vancêis... / 140
Duas palavras / 142
O puchirão do Gé Picaço (Poemeto serrano) / 147
Vocabulário caboclo serrano (por Odilon  Garcez  Ayres)  / 200
Causo relacionado: o caboclo Camacho  / 204
Outros causos daqueles tempos
“De médico e louco, todo mundo tem um pouco” / 212
Acordem, cachorrada! / 213
Revolução / 213
Banda Carlos Gomes / 214
O quiosque / 215
No comício / 215
Anzol de Vidro / 216
Esta tirada é minha / 216
Notas bibliográficas  / 217
Instituições e obras consultadas  / 224

 
 

 

   
   
      


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