Apresentação
Elli Benincá
Passo Fundo, outono de 2005
O tema da dialética é, sem dúvida, muitíssimo relevante pela sua natureza reflexiva e cativante. O presente trabalho visa analisar a natureza desse conhecido estilo platônico de fazer filosofia, o qual é, às vezes, encarado como provocativo e, às vezes, como comprometedor e controverso. Pretendemos, a princípio, analisar o próprio processo da dialética em si, assim como a finalidade que ele possa ou pretenda proporcionar aos estudantes de filosofia.
A dialética de Platão está distribuída em seus Diálogos de forma complexa, muito exaustiva e, algumas vezes, até obscura. Pelo fato de o presente trabalho não se tratar de uma vasta obra sobre o assunto, optamos por delimitá-lo aos Diálogos Banquete, Fédon, República, Sofista e, em menor escala ao Fedro. São exatamente cinco Diálogos do chamado grupo Diálogos dialéticos, importantes pelas suas abordagens ontológica, dialética, epistemológica e também metafísica. O enfoque maior, no entanto, está na República e no Sofista, nos quais aparece algumas vezes o próprio termo “dialética” como uma espécie de método exclusivo ou, mesmo, como um monopólio platônico. Contudo, o trabalho procura seguir um paradigma epistemológico de reflexão, ainda que proceda também um estudo comparativo sobre a própria dialética platônica. Em outros termos, poderíamos dizer que o trabalho está dividido em dois distintos modos de abordagens: um exercício de reflexão propriamente dito em torno de questões apresentadas por Platão e o outro, uma dissecação do próprio texto platônico com o simples intuito de pôr às claras a sua dialética. Tal procedimento se dá exatamente pelo fato de que boa parte do trabalho é produto da nossa dissertação de mestrado. Na verdade, toda a obra está organizada de forma objetiva e acadêmica.
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