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Ciências sociais - Temas contemporâneos

Organizadores: Elenice Pastore e João Carlos Tedesco
Autores: Elenice Pastore, Elisabeth Nunes Maciel, Henrique Kujawa, Ironita P. Machado, Jandir Pauli, João Carlos Tedesco, Mauro Gaglietti, Otavio José Klein, Paola Silva, Walter Frantz
Págs.: 228
Edição: 1ª
Formato: 14x21 cm
Idioma: Português
Lançamento: 2005
ISBN: 8589769070

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Texto de aba

As transformações que a sociedade vivencia nos faz pensar no descontínuo, na redefinição e nas temporalidades que se cruzam; nos desafia para entender como as sociedades e os grupos sociais se pensam, ou seja, quais são seus referenciais político-ideológicos em gestação, além, é evidente, das revoluções técnico-econômicas históricamente em curso.

Esse processo todo exigiria das ciências sociais um esforço de sistematização, de síntese e de totalidade. As críticas à modernidade já não são mais tão eficazes e podem ser, as vezes, taxadas de anacrônicas, porém inúmeras questões da mesma não estão ainda resolvidas, como é o caso da justiça, da igualdade, da exclusão, da liberdade, da individualidade, sem falar nas mais clássicas, como é o caso da urbanização, da industrialização e da estatização como sinônimo de bem-estar social.

O que marca a relevância das ciências sociais, é a demonstração de sua capacidade de questionar e interpelar as várias manifestações que (re)constituem o tecido social, de sensibilizar o presente e atribuir-lhe noções e conceitos explicativos, caso contrário, corre o risco de intensificar sua (auto)percepção identitária de uma crise de auto-confiança e de especificidade.

Pensamos que a reconquista dessa confiança e de sua emancipação está na continuidade da aposta na radicalização da modernidade, da busca de generalização, em retomar as grandes noções dilemáticas que giram em torno da afirmação da cidadania, da igualdade social em meio aos processos individualizantes e globalizantes, enfim, elementos que possam ser portadores de potencialidades emancipatórias.

É nesse sentido que a presente coletânea oferece uma singela reflexão sobre temas em evidência na contemporaneidade, os quais, fruto da inserção dos autores em seu espaço acadêmico específico, buscam expressar sua relevância no contexto histórico atual e afirmar o papel crítico e identitário das ciências sociais.

 

 
 

Texto de contracapa

Este livro dá sua contribuição à contemporaneidade através de abordagens e reflexões sobre a realidade social, inegavelmente, mais dinâmica e abrangente, pois com o passar do tempo, as mutações econômicas, políticas, geográficas e informacionais criam novos modos de convívio social.

Esse processo faz com que as ciências sociais produzam novas visões das perspectivas em curso no sentido de interpretar e presentir o que se constitui no presente.

Com essa intenção, os assuntos tratados nesta obra dizem respeito ao pensamento sociológico clássico, a profissão de sociólogo nessa realidade cambiante, bem como a retomada de pensadores das ciências sociais no Brasil como Gilberto Freire e, também, temas da atualidade nas áreas de comunicação, movimentos sociais, estado e política, gênero e economia solidária.

 

 
 

Apresentação

João Carlos Tedesco
Elenice Pastore

As ciências sociais continuam cada vez mais desafiadas a dar conta de uma realidade contemporânea dinâmica, mais abrangente em termos de visibilidade e de comunicação.

O mundo ganhou novas feições econômicas, geográficas, culturais e políticas que (re)introduzem interrogações e exigem mais intercâmbios e interfaces com as várias ciências da esfera humana e social. Novas formas de convivência social, novos sistemas técnicos e informacionais produzem relações sociais que configuram imagens, imaginações, formas e significações variadas às sociabilidades.

Isso faz com que as ciências sociais, ainda que atropeladas pelas circunstâncias sociais, produzam novas visões de conjunto das perspectivas em curso para interpretar e pressentir o que se constitui no presente.

As ciências sociais surgem com a modernidade, legitimando ou problematizando a experiência dos modernos, a qual desenraizou processos e convicções tradicionais bem como julgamentos morais, dogmas religiosos e consuetudinários. Essa experiência apostava num horizonte racionalizado de mundo pela ciência, progresso, estado-nação, identidade e liberdade, pelo crescimento das forças produtivas de base tecnológica, pela sociedade do trabalho etc. Acreditava-se que o mundo social, em seus universos econômico, cultural e político, poderia ser incorporado ao horizonte do entendimento da ciência.

No entanto, os pilares que sustentavam as ciências sociais (estatismo, nacionalismo e cientificismo), atualmente, não são mais tão resistentes assim; seus congêneres macros e objetivos, tais como a racionalidade na política e no poder, a técnica, o desenvolvimento e a democratização, o industrialismo e a modernização como processos civilizatórios, ganham novos contornos.

A interatividade pela tecnologia multimídia, os vários formatos que a chamada sociedade do trabalho estrutura na sociedade pós-industrialista, os mecanismos de mercado, de informação e de cultura mundializados, as novas geografias de poder mundial, os novos processos de dependência econômica e técnica, as preocupações ecossistêmicas e agroecológicas, o multiculturalismo, a interculturalidade, o paradigma da ciência pós-moderna que reforça noções de imprevisibilidade, interpenetração, espontaneidade, desordem, dentre muitas outras dinâmicas macro e microssociais, fazem com que as ciências sociais se tornem mais imprescindíveis aos vários campos do saber, o que requer autocrítica, abertura para epistemes de campos que se possam considerar afins, anticristalização e sedimentação normativa de pressupostos atemporais.

Pela ótica da (inter)subjetividade redefinem-se as noções de emancipação, de trabalho, de sociabilidade, de futuro etc. as quais denotam profundas alterações no social, incorporando ainda mais as noções de complexidade e de incertezas no conjunto das ciências sociais.

Esse contexto também desafia e desperta o interesse dos autores deste livro, professores e pesquisadores das ciências sociais, os quais entendem que, sem dúvida, é com leituras da realidade que se tornará possível, na vida acadêmica, o debate, o diálogo e a interpretação de diferentes ângulos que possam ser tecidos diante da vida social. Essa foi a proposta deste livro que objetiva divulgar e socializar a produção intelectual, fruto de pesquisas e interesses destes docentes em torno de temas variados, porém contemporâneos às preocupações gerais e que perpassam o meio social.

A primeira parte deste livro, Reflexões teóricas sociológicas, agrupa 4 capítulos:
a) As matrizes do pensamento sociológico: reflexões introdutórias, que estudam os princípios teórico-metodológicos necessários à compreensão das matrizes constitutivas e integrativas da vida social que permite identificar, contextualizar e compreender o desenvolvimento do pensamento sociológico.

b) A questão profissional no campo da sociologia debate as oportunidades de trabalho no campo das ciências sociais num mercado que valoriza mais as profissões técnicas diretamente relacionadas à lógica capitalista. Procura reconhecer a relação entre o estudo, a educação, o trabalho e o emprego, pois aí residem dúvidas que muitos jovens enfrentam quando vão escolher um curso de ensino superior, como a dúvida de como construir o acesso ao mercado de trabalho? Também busca elucidar o paradoxo existente no mercado de trabalho que é o aumento de volume do trabalho com a diminuição de mão-de-obra.

c) Pontos de apoio para descobrir a tropicologia em Gilberto Freyre que discute o pluralismo metodológico como conseqüência filosófica e científica de sua ampla cosmovisão, onde se conciliam diferentes e até conflituosas teorias e escolas sociológicas. O efeito literário dessa larga e integrada cosmovisão é o uso que ele faz, no discurso ensaístico, da técnica ficcional conhecida em teoria literária como enumeração exaustiva.

d) Comunicação: mediação, cultura, poder e cidadania reflete sobre aspectos da história recente da comunicação no Brasil. Isso é feito a partir de alguns conceitos-chave nos debates sobre os processos midiáticos na atualidade. Objetiva alertar para uma formação cidadã, tanto aos usuários, quanto aos profissionais da comunicação.
A segunda parte, Gênero e movimentos sociais, apresente-se em três capítulos.

e) Relações de gênero na agricultura ecológica analisa as relações de gênero no espaço de produção da agricultura ecológica. Dando seqüência a temática do gênero, analisa a construção histórica da identidade de gênero, correlacionando esse processo ao mundo do trabalho, à sociedade de classes aos universos culturais.
f) Gênero trabalho e família que aborda algumas questões da atualidade que envolvem essas três dimensões.

g) Movimentos sociais que busca identificar, a partir de alguns pesquisadores, a definição desse conceito com suas variações teóricas e históricas e, também, interpretar e analisar alguns tipos de movimentos sócias brasileiros, destacando, as mudanças que ocorreram nas décadas de 1980 e 1990, por fim aponta algumas características de movimentos sociais da atualidade.

A terceira parte, Terceiro setor e economia solidária, traz dois capítulos:

h) Terceiro setor reflete sobre as novas dinâmicas da correlação entre estado e sociedade civil; procura mostrar as novas formas de controle social sobre a esfera pública e se essa dimensão produz ou não uma nova cultura política e social.

i) Economia solidária é entendida aqui como princípio da relação entre agentes econômicos na esfera da produção e do consumo e, nesta lógica, a experiência prática de economia solidária é problematizada observando a metodologia da constituição do empreendimento, a forma como seus integrantes superaram os problemas e as perspectivas do consumo solidário na construção de políticas públicas.

 
 

Sumário

Parte I

Reflexões teórico-sociológicas

 
1. As matrizes do pensamento sociológico: reflexões introdutórias
Ironita P. Machado / 15

2. A questão profissional no campo da sociologia
Walter Frantz / 51

3. Pontos de apoio para descobrir a tropicologia
em Gilberto Freyre
Mauro Gaglietti / 67

4.   Comunicação: mediação, cultura, poder e cidadania
Otavio José Klein / 79

Parte II
Gênero e movimentos sociais

5.   Gênero, trabalho e família
Elisabeth Nunes Maciel / 103

6.   Relações de gênero na agricultura ecológica
Elenice Pastore / 137

7.  Movimentos Sociais: uma retrospectiva das últimas décadas e os desafios da atualidade
Henrique Kujawa / 167

PARTE III
TERCEIRO SETOR E ECONOMIA SOLIDÁRIA

8.  Terceiro setor: uma nova cultura na relação entre esfera política e esfera social?
João Carlos Tedesco e Paola Silva / 191

9.   Economia solidária, redes e consumo solidário
Jandir Pauli / 211

 

 
 

 

   
   
      


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